A negligência médica continua a ser uma grave preocupação em Angola, com várias mortes atribuídas à falta de cuidados adequados nos hospitais públicos. Em Cabinda, o falecimento recente de José Manuel, um médico de 45 anos que padecia de cancro, gerou grande indignação. Segundo a família, José aguardava por uma consulta no Hospital Geral de Cabinda, mas foi submetido a uma prolongada espera, o que contribuiu para o agravamento de sua condição e eventual morte.
Paulo, irmão do falecido, classificou o tratamento como “desumano”, questionando como um médico poderia ser tratado com tal descaso. O caso gerou reações de diversos segmentos da sociedade, incluindo profissionais de saúde que criticam o mau funcionamento do hospital. A ex-secretária provincial de Saúde, Carlota Taty, denunciou publicamente a falta de organização e atendimento inadequado na unidade.
Este não é um caso isolado. Outra família relatou à DW que, em fevereiro deste ano, um homem diagnosticado com cancro na próstata no mesmo hospital não recebeu o devido atendimento até falecer, após quase dois meses de espera.
Apesar de a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, ter garantido que Cabinda está mais bem preparada para tratar doenças graves, casos como o de José Manuel continuam a levantar questionamentos sobre a eficácia dos serviços hospitalares. Para o jurista Francisco Ngimbi, é necessária a responsabilização criminal dos profissionais envolvidos para evitar mais perdas. Enquanto isso, o secretário provincial de Saúde, Rúben Buben, informou que uma comissão de inquérito foi criada para investigar o caso.
A direção do hospital recusou-se a comentar o incidente, aguardando os resultados da investigação.