O governo da República Democrática do Congo (RDC) anunciou, no último sábado, que desde 26 de janeiro até 30 de janeiro de 2025, foram registrados 773 mortos e 2.880 feridos em decorrência dos intensos combates na região leste do país. Patrick Muyaya, porta-voz do governo e ministro da Comunicação, descreveu as ações do “exército ruandês em Goma” como uma “carnificina”.
Os rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) e as tropas ruandesas conseguiram entrar em Goma, capital da província de Kivu Norte, e avançaram para a província vizinha de Kivu Sul, representando uma ameaça crescente à capital regional, Bukavu. Muyaya garantiu que “nenhum destes crimes ficará impune”.
De acordo com informações da ONU, pelo menos 700 pessoas morreram e 2.800 ficaram feridas entre domingo e quinta-feira, durante a luta pelo controle de Goma. A situação alarmou líderes regionais, incluindo o presidente do Burundi, Evariste Ndayishimiye, que alertou que o conflito pode se transformar em uma guerra regional. “Se o leste da RDC não tiver paz, a região não terá paz”, advertiu Ndayishimiye.
Em resposta ao crescente conflito, o presidente de Moçambique, Daniel Chapo, manifestou o apoio do seu país aos esforços da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para a pacificação na RDC, destacando o papel mediador de Angola através da União Africana. No entanto, Chapo afirmou que Moçambique não enviará tropas para a missão da SADC na RDC, que contará com forças da África do Sul, Tanzânia e Malaui.
A RDCongo acusa o Ruanda de buscar pilhar os recursos naturais da região, enquanto Ruanda nega as acusações, afirmando que sua intenção é erradicar grupos armados formados por ex-líderes hutus do genocídio de 1994.
Além disso, o diretor do Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças de África, Jean Kaseya, alertou sobre o risco de epidemias, mencionando a detecção da última variante do vírus Mpox em Kivu Sul, que já se espalhou rapidamente por diversos países em 2024.