Os preços da Saúde e da alimentação em Angola registraram aumentos significativos desde 2020, com as variações alcançando 114,2% e 106,9%, respectivamente. Esses dados refletem os efeitos da desvalorização da moeda local e foram destacados em um relatório sobre o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Entre os setores analisados, os Transportes, Saúde, e Vestuário e Calçado foram os que mais apresentaram elevações de preços até agosto deste ano. No setor de transportes, os preços acumularam uma alta de 26,9%, impulsionados pelo reajuste nos preços dos bilhetes de transporte público em maio, que viu os custos dos autocarros saltarem de 50 para 150 Kz e os dos táxis de 150 para 200 Kz. A classe de Transportes representa apenas 6,5% dos gastos das famílias, segundo o INE, mas é provável que essa porcentagem seja superior na realidade.
No setor da Saúde, que compõe 3,4% do ponderador do IPC, os preços aumentaram 26,3% em apenas oito meses. O crescimento acumulado desde 2020 resulta em custos de consultas e medicamentos que se tornaram praticamente inacessíveis para muitas famílias angolanas, evidenciando os impactos da desvalorização cambial.
O Vestuário e Calçado também figuram entre os setores mais afetados, com um aumento de 22,7% nos preços, refletindo a dependência do país em produtos importados. A classe de Alimentação e Bebidas não Alcoólicas, que representa 55,7% dos ponderadores do INE, teve um aumento de 22,0% este ano, somando um crescimento total de 106,9% desde 2020.
Por outro lado, as classes de despesas que registraram os menores aumentos foram as de Comunicações, com 6,2%, um número que deve subir em setembro devido ao ajuste tarifário das empresas de telecomunicações. As despesas com Educação, que subiram apenas 10,9% até agosto, também devem sofrer elevações, considerando o início do novo ano letivo para os alunos universitários.