Em Angola, a governação continua a ser marcada por episódios que levantam dúvidas sobre os critérios de mérito e transparência no seio do partido no poder, o MPLA. Recentemente, têm-se multiplicado os relatos e as críticas de que o mérito é frequentemente penalizado em vez de recompensado.
Segundo várias fontes e declarações de analistas políticos, tornou-se comum que dirigentes que demonstram competência, dedicação e resultados positivos acabem afastados das suas funções. A razão apontada? O receio de que possam “ofuscar” os superiores hierárquicos. Este fenómeno, que já foi descrito em vários círculos sociais e académicos, tem gerado um clima de desconfiança e desmotivação entre os quadros que integram o partido e os órgãos governamentais.
“Há pessoas que trabalham incansavelmente para melhorar as condições de vida das populações, mas acabam a ser exoneradas porque fazem sombra a quem deveria liderar e incentivar o progresso colectivo”, afirmou um político reformado, que pediu anonimato.
O cenário é ainda mais preocupante quando se analisa o impacto que esta prática tem nos projectos de desenvolvimento do país. Ao afastar gestores competentes e comprometidos, Angola corre o risco de perpetuar problemas como a má gestão de recursos, a corrupção e a estagnação económica.
Por outro lado, para os críticos do sistema, esta prática reflete um dos maiores entraves à renovação do MPLA, que enfrenta desafios internos de modernização e adaptação às exigências de uma sociedade cada vez mais exigente. “Quem ousa sobressair, inovar ou questionar os métodos tradicionais é visto como uma ameaça, e não como um trunfo”, sublinha um académico especialista em política angolana.
A sociedade angolana, cada vez mais atenta e vocal, exige mudanças. Nas redes sociais e nas ruas, cresce o clamor por uma governação que priorize o mérito e os resultados, em detrimento de jogos de poder internos. “O país só avançará quando deixarmos de ver o sucesso como uma ameaça e começarmos a valorizá-lo como um benefício colectivo”, concluiu um jovem activista.
Enquanto isso, a liderança do MPLA mantém-se em silêncio sobre estas acusações, o que apenas reforça as especulações e a necessidade urgente de reformas que coloquem Angola no caminho do progresso real e sustentável.