A crescente acumulação de lixo nos mercados de Luanda gerou preocupação entre comerciantes e consumidores, especialmente em um momento em que o país enfrenta mais um surto de cólera. A situação levantou questões sobre a saúde pública e a qualidade de vida da população, evidenciando um contraste entre as medidas anunciadas pelo Governo e a realidade nos locais.
Dorivaldo Adão, diretor do Gabinete Provincial de Luanda para o Desenvolvimento Econômico Integrado, reconhece a gravidade do problema e afirmou que um programa de Campanha dos Mercados está sendo planejado para combater a sujeira acumulada. No entanto, especialistas em saúde pública, como Jeremias Agostinho, afirmam que a falta de gestão adequada do lixo é um dos principais fatores que favorecem o surgimento de doenças como a cólera, infecções e outras patologias.
Ana Fernandes, uma vendedora de legumes no Mercado do 30, compartilha sua experiência de trabalhar em meio ao lixo no mercado da Estalagem Km12-A. Ela relata ter enfrentado vários problemas de saúde devido à situação precária em que se encontra, afirmando que o lixo atrai pragas e doenças. “Esperamos que o pagamento diário que fazemos de 300 Kz sirva para a coleta de lixo”, reclama.
Marisa Neto, uma vendedora de peixe seco, também expressa sua insatisfação com as condições de trabalho. “As colegas estão frequentemente doentes por causa do ambiente insalubre”, diz. O pagamento que os comerciantes fazem a um grupo de jovens da Comissão de Moradores, que alegam realizar a limpeza, não parece gerar resultados eficazes. Apesar de cobrarem 300 Kz diariamente, os vendedores observam que o lixo é apenas empurrado para longe das bancas, sem uma solução real.
A situação nos mercados de Luanda clama por ações imediatas das autoridades para garantir a saúde e o bem-estar da população, prevenindo a propagação de doenças e melhorando as condições de trabalho dos comerciantes.