O Índice de Preços no Consumidor (IPC) registou um aumento mensal de 2,5% em janeiro, tornando-se o pior início de ano desde 2016, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE). A inflação homóloga atingiu 22,0%, o valor mais alto em 19 meses, sinalizando um cenário de forte pressão inflacionista.
Em Luanda, a situação foi ainda mais grave, com uma inflação mensal de 3,4% e homóloga de 29,2%, marcando o pior resultado em 91 meses. Em julho, a capital chegou a atingir 42,8%, o maior índice desde 2004.
Especialistas alertam para a continuidade da subida dos preços, agravada pela retirada de subsídios aos combustíveis e pela desvalorização do kwanza, que perdeu cerca de 40% em valor face ao dólar entre maio e junho do ano passado.
Entre os setores mais afetados destacam-se Saúde (33,0%), Transportes (28,9%), Vestuário e calçado (28,1%), Hotéis e restaurantes (27,6%) e Alimentação (27,1%), impactando diretamente o custo de vida das famílias.
Projeções iniciais para 2024 apontavam para uma inflação de 15,3% pelo Governo, mas foram revistas em alta para 23,4%, enquanto o FMI previu 28,4%, já superados no último relatório do INE.
A alta inflação é atribuída à dependência de importações, fraca produção nacional e à implementação da nova pauta aduaneira, além da retirada gradual dos subsídios aos combustíveis, como o aumento do preço do gasóleo em abril. Especialistas alertam para a necessidade de medidas urgentes para estabilizar o mercado e conter o impacto sobre os rendimentos das famílias.