
A digitalização dos serviços públicos, prevista no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN 2023-2027), pode elevar em até 20 vezes o número de ciberataques em Angola, segundo alertou Manuel Fragão, vice-procurador-geral da República, durante uma conferência sobre cibercrime realizada em Luanda.
Desde janeiro, o Serviço de Investigação Criminal (SIC) registrou 1.430 crimes cibernéticos em Luanda, incluindo burla informática, falsas identidades, acessos ilegítimos e extorsão sexual. No entanto, os números podem ser ainda maiores devido à subnotificação de casos.
Fragão destacou o uso de softwares piratas e a baixa literacia digital como principais vulnerabilidades no país, além da falta de cultura de denúncia, que leva a perdas financeiras significativas. Um caso recente envolveu o pagamento de 75 mil dólares a hackers por um ataque de ransomware, sem recuperação dos dados.
O procurador-geral da República, Hélder Pitta Gróz, anunciou a criação do Gabinete de Cibercriminalidade e Prova Eletrónica para agilizar investigações e promover cooperação internacional. Ele defendeu a adesão de Angola à Convenção de Budapeste, tratado internacional contra crimes cibernéticos já adotado por países como Brasil e Cabo Verde.
Especialistas destacaram a necessidade de investir em formação, softwares autênticos e atualizações constantes para fortalecer a segurança digital e garantir a eficiência dos serviços públicos no processo de digitalização.