João Lourenço, Presidente de Angola e do MPLA, enfrenta crescentes pressões internas para permitir múltiplas candidaturas no Congresso Extraordinário do partido, previsto para ocorrer dentro de três meses. As vozes mais influentes no MPLA, como Dino Matrosse, destacam a necessidade de respeitar a Constituição e evitar a busca por um terceiro mandato presidencial.
Em um encontro descrito como pedagógico, Dino Matrosse não hesitou em expressar sua frustração, destacando, entre outros pontos, a forma como foram tratados os restos mortais de José Eduardo dos Santos. A reunião, que ocorreu na Cidade Alta, envolveu também figuras de peso como os generais António dos Santos França “Ndalu” e José Ferreira Tavares, este último conhecido pela sua proximidade com João Lourenço.
No tenso encontro, Matrosse deixou claro que, se expressar discordâncias sobre a condução de certos temas fosse considerado “falar mal”, ele não se furtaria de continuar. As palavras incisivas de Matrosse refletem um desconforto que também parece ser compartilhado por Ana Dias Lourenço, esposa do presidente, devido à complexa teia de relações familiares e políticas que envolve Dino Matrosse e Fernando da Piedade Dias dos Santos “Nandó”. Este último, ao que tudo indica, prepara-se para disputar o cargo de presidente do MPLA.
A tensão entre João Lourenço e Matrosse sinaliza um momento decisivo no MPLA, num momento em que o debate sobre a liderança do partido e a visão para o futuro de Angola ganha mais urgência.