
MPLA está em processo de revisão dos seus estatutos com o objectivo de instaurar um sistema bicéfalo, onde João Lourenço continuaria como presidente do partido enquanto outra figura seria indicada para concorrer à presidência da República. A iniciativa, anunciada para ser submetida ao congresso extraordinário que será esse mês(Dezembro), visa “reestruturar, fortalecer e crescer rumo aos desafios de 2027”.
No entanto, muitos observadores e especialistas defendem que as bicefalias são historicamente inviáveis, citando exemplos como a União Soviética e a Rússia contemporânea, onde o poder efetivo sempre permaneceu concentrado em uma única liderança. João Lourenço, detentor do controle sobre as Forças Armadas, as polícias e o orçamento do Estado, provavelmente manterá a posição dominante, independentemente das mudanças estatutárias no MPLA.
As alterações propostas nos estatutos do MPLA incluem a harmonização de contradições nos artigos referentes à indicação de candidatos para a presidência e a ampliação do poder do Comité Central e do Bureau Político. Além disso, há um reforço na Comissão de Disciplina, inspirada em modelos como o do Partido Comunista Chinês, visando um combate mais rigoroso à corrupção e às purgas partidárias.
Especialistas como João Paulo Batalha, vice-presidente da Frente Cívica, afirmam que essas mudanças não alteram a dinâmica central de poder, onde o presidente da República detém o controle real. A possibilidade de uma bicefalia funcional em Angola é considerada improvável sem uma revisão constitucional que redistribua efetivamente os poderes executivos.
Enquanto o MPLA busca reestruturar suas bases internas, a concentração do poder na presidência da República permanece como a realidade política dominante em Angola. A comunidade política e a sociedade civil observam atentamente, questionando se tais reformas trarão realmente um equilíbrio de poder ou apenas uma nova fachada para a continuidade do domínio centralizado.
O plano de Deus ninguém moda..