A direção da Televisão Pública de Angola (TPA) está envolvida em um conflito com José Luís Caetano, oficial do Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE), que há anos está em comissão de serviço nas instalações da emissora. Segundo informações apuradas, Caetano, que recentemente foi libertado após cumprir pena, teve seu retorno à TPA negado pela nova administração, que argumenta que ele não desempenha funções reais na empresa, apesar de constar na folha de pagamento desde gestões anteriores.
O motivo da recusa da TPA remonta a um incidente ocorrido há 10 anos. Em outubro de 2014, Caetano foi capturado durante uma tentativa de atentado contra o deputado da UNITA, Liberty Chiaka. Na ocasião, a escolta de Chiaka conseguiu impedir a ação, e Caetano confessou ter recebido ordens do general José Maria, chefe dos serviços de inteligência militar, para executar o atentado.
No dia da operação contra Chiaka, Caetano e seus ajudantes estavam em um veículo Lexus 470 com a matrícula LD-91-25-AE. Na prisão, ele portava vários crachás de identificação, incluindo da TPA, SINSE, Casa Militar, Marinha (Fuzileiros Navais) e Polícia de Intervenção Rápida. Apesar dessas múltiplas identidades, Caetano se apresentava socialmente como funcionário da TPA.
Após cumprir sua sentença, Caetano buscou reintegração na TPA, mas encontrou resistência da nova direção, que o considera um funcionário fantasma. Em resposta à recusa, Caetano ameaça levar o caso à justiça para assegurar sua reintegração e manutenção no quadro de funcionários da emissora.
Este conflito expõe não apenas as tensões internas na TPA, mas também as complexas interações entre diferentes órgãos de segurança e o setor de comunicação em Angola. A situação de Caetano, abandonado pelos serviços de inteligência e rejeitado pela TPA, levanta questões sobre a transparência e a gestão de recursos humanos em ambas as instituições.
A TPA ainda não emitiu um comunicado oficial sobre o caso, e o Ministério da Justiça e Direitos Humanos de Angola também não se pronunciou. A comunidade aguarda ansiosa por um desfecho para este impasse, que pode ter implicações significativas para as relações entre a mídia e os serviços de inteligência no país.