O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, pediu hoje ao homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar, “mais sinais positivos” após o recente acordo sobre o patrulhamento da fronteira comum nos Himalaias. A declaração foi feita durante um encontro à margem da cimeira do G20, no Brasil, segundo comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
“Xi Jinping e Narendra Modi reuniram-se recentemente, marcando o reatamento das relações, mas agora os dois lados devem implementar o importante consenso a que chegaram e respeitar os interesses fundamentais um do outro”, afirmou Wang. Ele acrescentou que China e Índia devem “reforçar a confiança mútua através do diálogo” e “lidar adequadamente com as diferenças com sinceridade e integridade”, visando um retorno a um relacionamento “estável e saudável”.
Wang Yi destacou a necessidade de enviar “mais sinais positivos” e realizar ações que promovam os intercâmbios. Também apelou a “progressos práticos” na retomada dos voos diretos entre os dois países.
O diplomata chinês lembrou que em 2025 se comemora o 75º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre China e Índia, o que exige “planear atividades comemorativas” e “promover intercâmbios e visitas em todos os domínios e a todos os níveis”. Segundo Wang, “China e Índia têm interesses comuns que ultrapassam largamente as suas diferenças”, ressaltando a importância de cooperar para promover a multipolaridade e o multilateralismo.
Jaishankar, por sua vez, considerou positivo que ambas as partes estejam “a tomar medidas para implementar o consenso” alcançado por Xi e Modi. A Índia, segundo ele, espera reiniciar os mecanismos de diálogo relevantes o mais rapidamente possível e manter a dinâmica de melhoria e desenvolvimento das relações bilaterais. Jaishankar sublinhou a necessidade de tratar adequadamente as questões com uma atitude mais positiva, sem deixar que diferenças específicas definam a relação entre os dois países.
O acordo permitirá à Índia retomar o patrulhamento das zonas fronteiriças entre as duas potências asiáticas no território dos Himalaias de Ladakh, interrompido após confrontos em 2020 que resultaram na morte de soldados de ambos os lados. No entanto, os detalhes sobre o que este acordo significará para o patrulhamento da zona, um ponto de fricção entre Índia e China, não foram especificados.
O confronto de 2020, provocado pelo destacamento chinês e que gerou uma reação indiana, resultou no pior conflito entre as duas nações em quase meio século, causando a morte de pelo menos 20 soldados indianos e ferindo outros 76, enquanto Pequim reconheceu quatro mortos e um ferido grave. Desde então, a situação permanece tensa, com grande presença de tropas, apesar de várias rondas de negociações diplomáticas e militares para reduzir os atritos e diminuir o número de soldados na região.