Os empresários do setor imobiliário em Angola têm enfrentado dificuldades significativas na obtenção de crédito bancário para habitação destinado aos jovens. Os bancos justificam essa situação alegando que a falta de legalização das habitações no país impede a concessão de empréstimos.
Sónia Oliveira, uma empreendedora do setor, criticou as instituições bancárias nacionais nesta quinta-feira, em Luanda, durante uma mesa redonda sobre crédito bancário à habitação. Ela afirmou que os bancos se recusam a conceder crédito habitacional aos cidadãos e às famílias, sugerindo a criação de um fundo de crédito constituído por diversas entidades, incluindo estatais, como uma solução viável.
“Peço desculpas, lamento dizer isso, mas a conversa de acesso ao crédito não funciona”, afirmou Sónia Oliveira. Ela destacou a necessidade de criar sinergias para solucionar a questão da concessão de crédito, acreditando que um fundo imobiliário específico poderia facilitar o acesso ao crédito habitacional, especialmente para os jovens.
Paula Oliveira complementou dizendo que um fundo desse tipo tornaria mais fácil para os jovens adquirirem casa própria, argumentando que os bancos “não perdem nada” ao conceder crédito. No entanto, o bancário Luis Pataca explicou que a principal dificuldade dos bancos em financiar o setor habitacional é a falta de legalização da maioria dos imóveis em Angola.
Luis Pataca enfatizou a importância de educar todos os envolvidos no processo para que procedam à legalização dos imóveis. Ele apontou que os altos custos e a morosidade do processo de legalização são os principais obstáculos. “A banca não consegue financiar os imóveis porque a maioria não estão legalizados, e os que estão legalizados são naturalmente mais caros, e por mais créditos bonificados que o banco nacional crie, ainda é uma gota no oceano”, afirmou Pataca.
O debate, denominado “Prime Talks”, foi um evento que teve como objetivo analisar as tendências atuais, as melhores estratégias de investimento e as novas tecnologias que estão transformando o setor imobiliário. Com o tema “Comprar ou arrendar: qual é a melhor estratégia?”, o evento reuniu especialistas do setor imobiliário, representantes da banca, economistas e outros atores econômicos para troca de ideias e discussões sobre os desafios e oportunidades do setor.
Moderado por Neuza Pinto, educadora financeira e business designer, o evento abordou várias opções de investimento imobiliário que se adequam ao contexto angolano. Foram avaliadas as melhores ofertas de financiamento atualmente disponíveis no setor imobiliário, bem como suas vantagens e limitações. Além disso, discutiram-se práticas para promover um crescimento sustentável do setor, com foco na inovação e sustentabilidade ambiental.
“O evento superou as nossas expectativas pelo conteúdo que foi partilhado. Representa um grande passo que acabamos de dar de modo a criar um canal de diálogo e troca de ideias entre os agentes do setor imobiliário. Esta é a primeira edição, mas nosso objetivo é continuar a ter este espaço onde podemos debater sobre o futuro do setor imobiliário. Ficou claro nesta 1ª edição do Prime Talks que o investimento, a inovação e sustentabilidade são os pilares para o desenvolvimento de um mercado mais competitivo e acessível,” destacou Mário Passos, porta-voz do evento.