O Presidente da República, João Lourenço, falou aos jornalistas hoje, após a inauguração do Hospital Geral do Cuanza-Norte Mário Pinto de Andrade.
RNA: Senhor Presidente, em todas as inaugurações que efectua, em particular no sector da saúde, o Senhor, aparentemente sem pressa, parece ir ao detalhe de tudo o que é colocado nesses empreendimentos, desde as infra-estruturas físicas até ao equipamento especializado. Esta unidade está à beira da Estrada Nacional 230. Qual é a estratégia do Executivo para evitar constrangimentos para entradas e saídas do hospital? Muito obrigado!
PR: Constrangimentos podem ser resolvidos desviando a estrada em alguns metros e, muito provavelmente, fazendo uma rotunda para facilitar os transportes que se destinam ao hospital e que não continuam pela Estrada Nacional. São questões técnicas que os especialistas vão ter que ver, no sentido não só de evitar acidentes, por um lado, como também evitar que o ruído do tráfego na Estrada Nacional possa incomodar o desenrolar dos trabalhos nesta unidade hospitalar.
TPA: Senhor Presidente, o país tem assistido, de facto, a passos importantes em termos de construção de infra-estruturas. O que se tem dito é que é para melhorar a qualidade da assistência médica e medicamentosa aos angolanos e, muitas vezes, também foi evocada a própria possibilidade de limitar a necessidade de tratamento no exterior, instalando capacidades locais. A minha pergunta é se este objectivo está conseguido ou está a ser conseguido?
PR: Não está conseguido, mas está a ser conseguido. Portanto, nós vamos continuar a construir mais unidades hospitalares dos três níveis – primário, secundário e terciário – no sentido de algum dia atingirmos esse objectivo. Por outras palavras, há muito mais unidades hospitalares por construir. Nós estamos com um bom ritmo de construção e de inaugurações. Estamos a inaugurar uma média de quatro a cinco unidades hospitalares deste nível por ano. Para o próximo ano, pensamos inaugurar o dobro da média, ou seja, pelo menos uma dezena de unidades hospitalares. E é para continuar até termos uma cobertura nacional que possamos considerar satisfatória.
Rede Girassol: Nós gostávamos de saber, Senhor Presidente, apesar de todo este trabalho que está a ser feito no sector da saúde, em termos de construções de unidades de terceiro nível, qual a área da saúde que ainda o preocupa e que trabalhos devem ser desenvolvidos para resolver esta situação?
PR: Há duas áreas da saúde que ainda me preocupam. É a oncologia; precisamos de ter uma melhor unidade hospitalar para atender o foro oncológico, o que temos hoje em Luanda e apenas em Luanda – nós não consideramos satisfatório. Daí o facto de a nova unidade oncológica já estar em construção em Luanda com a perspectiva do seu término ou nos finais do próximo ano ou em 2026. É evidente que a nossa preocupação não se prende apenas com a construção da infra-estrutura e o seu equipamento, mas também com a formação do pessoal que vai atender essa nova unidade oncológica que já está a nascer. Outra nossa preocupação é a necessidade de vermos surgir em Angola unidades fabris de produção de medicamentos e de vacinas. Este é um tipo de investimento que nós não gostaríamos que fosse investimento público, mas sim investimento privado. Portanto, temos vindo a apelar ao sector privado, quer nacional, quer estrangeiro, no sentido de fazer esse investimento com a garantia de que o principal cliente do que vier a ser produzido será, sem sombra de dúvidas, o Estado angolano que deixará, com isso, de importar, ou passará a importar menos, comprando a produção local desde que seja certificada pelas instituições competentes.
ANGOP: Há alguma razão especial para prestar-se tributo desta vez ao nacionalista Mário Pinto de Andrade? E quais serão as próximas personalidades a serem homenageadas?
PR: Está com muita pressa [risos…]. Nós costumamos a pensar nos nomes a dar a estas infra-estruturas com algum tempo de antecedência, mas não tanto assim. Seis meses antes, regra geral, acabamos por decidir entre vários nomes; surgem-nos sempre três, quatro, nomes possíveis e decidimos apenas por um, porque não podem ser todos. Se eu tivesse que esclarecer as razões de termos indicado este nome, teria de fazê-lo também em relação às outras unidades a quem demos nomes: Emílio de Carvalho, Dom Alexandre Cardeal do Nascimento. O que todos eles têm em comum é o facto de terem, de alguma forma, servido a pátria em momentos difíceis, em momentos críticos. São muitos os que o fizeram, os que serviram a pátria, mas infelizmente não vamos construir tantos hospitais quanto o número de patriotas que merecem ser distinguidos. E há várias formas de se distinguir essas figuras, não apenas dando o nome deles a unidades hospitalares, mas há outros empreendimentos, há ruas, há praças, há portos, há aeroportos. Portos não é hábito dar-se o nome de pessoas, mas aeroportos sim. Não vamos concentrar apenas nas unidades hospitalares. Há várias formas de se distinguirem os patriotas que deram o melhor de si, o seu saber, o seu suor e, em muitos casos, sangue, para que Angola se tornasse independente, se tornasse um país livre e soberano. A importância da inauguração desta unidade nesta data, a 12 de Novembro deste ano, 2024, é que estamos em vésperas de comemorarmos os 50 anos da nossa Independência e nós marcamos um período de comemorações que começa precisamente neste mês de Novembro de 2024 e vai até Dezembro de 2025. Portanto, esta inauguração já se enquadra nas comemorações dos 50 anos da nossa Independência. É o que tem de peculiar, é o que tem de particular, diferente das outras inaugurações que vimos fazendo até à presente data.