A exoneração do Ministro do Interior de Angola, Eugénio César Laborinho, surpreendeu o próprio dirigente enquanto estava em Lisboa, Portugal. Laborinho, que se preparava para uma missão oficial no Chile para uma reunião da Interpol, foi informado da sua saída do governo através das redes sociais. O Ministro havia recebido autorização do Presidente João Lourenço para essa viagem, mas não foi previamente comunicado sobre a exoneração.
Este não é o primeiro caso em que um governante angolano recebe tal notícia de maneira inesperada. Em janeiro de 2022, o comandante da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, foi exonerado enquanto estava em uma missão na República do Congo. Casos assim geraram críticas sobre a falta de comunicação prévia e cortesia nessas exonerações. Em 2019, uma situação semelhante ocorreu com a então ministra da Família, Victória Francisco Correia da Conceição, que ao saber de sua exoneração pela televisão, teria tentado tirar a própria vida.
Analistas em Luanda especulam que a saída de Laborinho pode estar ligada a disputas internas de influência. Fontes apontam para tensões entre o Ministério do Interior e o Serviço de Inteligência e Segurança do Estado (SINSE), especialmente após divergências sobre o controle do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME) e da polícia de fronteira. Rumores de envolvimento de comandantes da Polícia Nacional em contrabando de combustível também foram mencionados pelo chefe da Casa Militar, general Francisco Furtado, embora as alegações não tenham sido sustentadas com provas.
A exoneração de Laborinho reflete um cenário de complexas movimentações políticas em Angola, onde decisões sobre altos cargos muitas vezes são envoltas em questões de influência e controle entre setores de segurança do Estado. A sociedade aguarda os desdobramentos dessa decisão e seus impactos sobre a governança e a estabilidade política no país.