No contexto de um encontro ocorrido no Centro Cultural de Belas no final do ano passado, Lourenço expressou descontentamento em relação a Matrosse, alegando que este estaria “a falar mal” de sua liderança em vários círculos partidários. A reação de Matrosse foi de surpresa e cautela, levando-o a optar pelo silêncio. No entanto, a questão ressurgiu no início deste ano, quando Matrosse recebeu uma convocação para um encontro no Palácio Presidencial, onde também estavam presentes generais de confiança de Lourenço.
Durante a reunião, João Lourenço abordou diretamente Matrosse, afirmando: “Camarada Dino Matrosse tem estado a falar mal de mim. Esta é a segunda vez e saiba que não haverá terceira vez!” A resposta de Matrosse foi contundente e direta: “Se isso é falar mal de si, então falei!” Ele destacou questões sensíveis, como a recepção dos restos mortais de José Eduardo dos Santos e a ausência de referências ao ex-presidente durante eventos importantes.
O encontro, marcado por uma troca franca entre dois líderes de gerações distintas—Matrosse, com 81 anos, e Lourenço, que completou 70 em março—sinaliza não apenas a tensão interna, mas também a necessidade de uma reavaliação nas relações dentro do partido. Matrosse, reconhecendo a sensibilidade da situação, finalizou a conversa de maneira a apaziguar os ânimos, ressaltando que o presidente “anda muito sensível”.
Além da pressão de Matrosse, o Conselho de Honra do MPLA também exige que Lourenço seja questionado sobre sua liderança, evidenciando o desconforto em torno da possibilidade de um terceiro mandato. Essa situação complica ainda mais o cenário familiar de Ana Dias Lourenço, que se vê dividida entre apoiar o marido e lidar com a disputa interna entre os parentes, como Nandó e Matrosse, que já anunciaram suas intenções de concorrer à presidência do MPLA.
À medida que o Congresso se aproxima, as tensões e disputas no MPLA podem moldar o futuro político do partido e do país, refletindo as complexidades das relações internas e a luta por poder dentro de uma das principais forças políticas de Angola.