Um grupo de jovens roboteiros, com idades a partir dos 14 anos, tem se destacado em Luanda ao transportar mercadorias para clientes dos mercados. Apesar de ser uma atividade informal, estes jovens conseguem arrecadar mensalmente até 180.000 Kz, o que representa o dobro do salário mínimo nacional. Essa renda é crucial para o sustento de muitas famílias, permitindo investimentos em outros negócios, como a compra de motorizadas e gado.
Paulo Camate, um roboteiro com 21 anos de experiência, inicia suas atividades diárias às 05h00 no mercado 1.º de Agosto, na Maianga. Ele relata que, apesar das dificuldades, a renda diária entre 5.000 e 6.000 Kz é suficiente para sustentar sua família. Camate clama por ajuda do Governo Provincial de Luanda para que a profissão seja reconhecida e os roboteiros possam se integrar ao Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).
Entretanto, essa atividade enfrenta desafios crescentes. A crise econômica, iniciada em 2017, e a concorrência dos “kupapatas”, motos de três rodas que oferecem transporte de mercadorias e passageiros, têm reduzido o espaço de atuação dos roboteiros. Enquanto há oito anos os roboteiros arrecadavam cerca de 12.000 Kz por dia, hoje muitos se consideram sortudos se conseguirem metade desse valor.
Os roboteiros transportam uma variedade de produtos, e o valor cobrado depende da distância e do peso das mercadorias. Por exemplo, levar cinco caixas de coxas do largo das escolas até o Jumbo custa entre 4.000 e 5.000 Kz. A renda também varia de acordo com o tipo de carro de mão utilizado: os roboteiros com carrinhos de madeira ganham entre 5.000 e 6.000 Kz por dia, enquanto aqueles que utilizam carros de ferro arrecadam de 2.500 a 4.000 Kz.
Com a crescente dificuldade de trabalho, muitos jovens roboteiros estão sendo forçados a reconsiderar suas opções. A atividade, que já foi uma fonte sólida de renda, enfrenta um futuro incerto, enquanto os desafios da informalidade e da concorrência continuam a aumentar.