No Bairro Santa Paciência, um drama humano se desenrola, marcado pela angústia e a incerteza. Desde 1979, essa comunidade cresceu e se fortaleceu, abrigando 10.755 pessoas – crianças, jovens e adultos – que agora enfrentam a demolição de suas casas e o desamparo das autoridades.
Manuel Mateus Luciano, um jovem de 38 anos, foi brutalmente torturado e levado ao aeroporto no dia 14 de outubro de 2024. Apenas um dia depois, às 3 da manhã, a polícia chegou com catanas e martelos, demolindo dez casas. O confronto foi inevitável, com pedras e tiros sendo trocados, e o vidro de um veículo de patrulha quebrado. A dor de ver suas casas sendo destruídas de forma tão violenta é uma ferida aberta para todos os moradores.
As autoridades alegaram estar cumprindo ordens superiores após denúncias de construções ilegais, mas não apresentaram nenhum documento oficial. A sensação de abandono e injustiça é palpável. Durante as demolições, a polícia instruiu os coordenadores do bairro a comparecerem à delegacia do aeroporto, onde foram encaminhados à Administração Municipal. Cinco jovens foram detidos e só liberados após o pagamento de 50.000Kz. Os coordenadores esperaram horas na Administração Municipal, sem serem atendidos, sendo enviados de um departamento para outro, numa verdadeira via-crúcis burocrática.
Desde as demolições, os moradores vivem com medo. Os coordenadores das comissões de moradores são acusados de conivência com a administração local, sendo vistos como traidores. Eles e suas famílias estão sob ameaça constante, sentindo-se inseguros e desamparados.
O drama do Bairro Santa Paciência é um grito por justiça. Essas pessoas precisam de uma resposta urgente das autoridades, que traga transparência, dignidade e segurança.