A pobreza, o desemprego e os baixos salários são as principais razões apontadas para o crescente número de angolanos que deixam o país em busca de melhores condições de vida no estrangeiro. Este aumento da emigração preocupa líderes políticos e especialistas, como manifestado recentemente pelo presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, em Lubango.
Adalberto Costa Júnior destacou a preocupação com o êxodo massivo de jovens angolanos para outros países. “Jamais se viu um tão grande êxodo de compatriotas nossos em busca noutros países de condições de vida que não conseguem encontrar em Angola”, afirmou o líder da UNITA.
Dados recentes revelam que, entre 2017 e 2023, a comunidade angolana em Portugal triplicou, passando de 16.854 para 55.589 indivíduos, segundo o Novo Jornal. Adalberto Costa Júnior também mencionou que milhões de angolanos estão se estabelecendo em países da África Austral, incluindo África do Sul, Namíbia e Zâmbia, que abriga cerca de um milhão de angolanos.
Evanilton Pires, professor universitário e ex-estudante no estrangeiro, expressou preocupação com a fuga de quadros qualificados, que frequentemente deixam Angola devido à falta de reconhecimento e oportunidades. “Estamos na universidade e não temos as condições para fazer aquilo que precisamos fazer e para piorar somos tidos como os zeros à esquerda que não fazem nada”, afirmou Pires.
O sociólogo João Neves enfatizou que a taxa de desemprego, que atingiu 32,3% no primeiro semestre de 2023, é particularmente preocupante para os jovens. Neves defende políticas públicas que promovam investimentos capazes de reter os jovens no país. Ele também apontou a discriminação enfrentada por jovens educados no estrangeiro ao retornarem a Angola.
A valorização do emprego em Angola é outro desafio destacado por Neves. “Os nossos níveis salariais em Angola são muito baixos. O problema não é só o desemprego, mas também os jovens empregados que não têm um rendimento suficiente para viver condignamente”, observou o sociólogo.
O economista José Makuva ressaltou a importância de contar com quadros qualificados para o desenvolvimento do país. “Quando o país fica privado dessa força ativa, naturalmente o resultado é o empobrecimento”, alertou Makuva.
Isaac dos Anjos, assessor do Presidente da República para o setor produtivo, recentemente aconselhou os jovens a permanecerem no país e aproveitarem as oportunidades existentes, em vez de optar pela imigração.
A crescente emigração angolana representa um desafio significativo para o futuro do país, exigindo ações concretas para melhorar as condições de vida e trabalho, de forma a reter talentos e evitar a fuga de cérebros.