O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, afirmou hoje que a legalização do partido PRA-JA Servir Angola teve motivações políticas, com o objetivo de desestabilizar a Frente Patriótica Unida (FPU), mas garantiu que a plataforma da oposição “está estável”. Costa Júnior, líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição, disse que recebeu a notícia com tranquilidade e ressaltou que quem tem condições para se legalizar deve ser legalizado.
“Sempre entendemos que quem tem condições de propor uma legalização deve ser legalizado e o que nós vimos foi subterfúgio. O PRA-JA teve todas as condições para obter a sua legalidade há muitos anos. Razões políticas levaram a impedi-lo, razões políticas também (concorreram para a sua legalização) como agora o próprio Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, partido no poder) está a confessar”, declarou Costa Júnior em entrevista à Lusa.
As declarações foram feitas na Assembleia Nacional, onde o Presidente João Lourenço apresentou hoje uma mensagem sobre o Estado da Nação. O líder da UNITA negou que a legalização do PRA-JA marque o fim da FPU. “Ouvi juristas a dizerem que a legalização agora é o fim da bancada parlamentar da UNITA e estamos a entender o que é que motivou a legalização. Não foi, uma vez mais, a legalidade. Foi sim o regime pensar que obtém dali alguma vantagem. A FPU está estável”, garantiu.
Na semana passada, o Tribunal Constitucional angolano anunciou a legalização do PRA-JA Servir Angola, encerrando um processo que se arrastava desde 2019. A nova agremiação política faz parte da FPU, uma plataforma criada nas eleições gerais de 2022, liderada pela UNITA, coordenada por Adalberto Costa Júnior, coadjuvado por Abel Chivukuvuku e pelo presidente do Bloco Democrático, Filomeno Vieira Lopes.
Adalberto Costa Júnior reforçou que a legalização do PRA-JA não significa a “morte” da FPU e destacou a tranquilidade dentro da plataforma, que elegeu 90 deputados em 2022. “Nós estamos tranquilos, o regime, com os seus programas, tem sempre um propósito: dividir para reinar, sempre foi assim, a história sempre nos provou e todos sabemos o que se passa no seio daquele partido, crise grave”, afirmou.
Sobre o discurso à Nação de João Lourenço, Costa Júnior criticou a atual realidade socioeconômica do país, marcada por “extrema pobreza, fome e miséria”, e pediu uma “radiografia real” com soluções para esses problemas. O também deputado à Assembleia Nacional lamentou o que considera um “grande déficit de diálogo institucional no país” e pediu que João Lourenço “reconsidere” a necessidade de implementar autarquias.
“Espero que nós possamos fazer melhor para o futuro, para o bem do país, e quem sabe se nesse discurso vamos ouvir dizer que então vamos ter autarquias locais no próximo ano, reconsideraram e vamos priorizar o combate à fome, o combate à extrema pobreza, vamos deixar de retalhar o país à tesourada, isto seria bom para nós todos”, concluiu.