Em Luanda, diversos cidadãos têm relatado a ausência de agentes censitários nas ruas e bairros, levantando preocupações sobre o andamento do Censo 2024. Desde o início do processo, em 19 de setembro, muitos moradores afirmam não terem sido visitados pelos recenseadores, apesar da proximidade do término oficial da contagem. O mesmo cenário é observado em outras províncias como Bengo, Malanje, Benguela e Cabinda, onde as reclamações envolvem desde a falta de agentes até problemas logísticos, como a escassez de meios de transporte e condições de trabalho.
Alguns cidadãos, como a camponesa Eva Almeida, de 82 anos, afirmam que estão à espera dos recenseadores, mas até agora não receberam qualquer visita. De forma semelhante, Mariza César, moradora de Cazenga, também relata que, desde o início do censo, nenhum agente passou pela sua casa, aumentando as expectativas e preocupações da população.
Por outro lado, o Instituto Nacional de Estatística (INE) defende que o processo está a decorrer dentro da normalidade, justificando a “invisibilidade” dos recenseadores com a priorização de “casos especiais”, como desabrigados, prisioneiros e pessoas em áreas de fronteira. O governo, por sua vez, tem intensificado ações de sensibilização para garantir que a população compreenda a importância do censo e esteja preparada para participar.
Enquanto isso, a realidade nas ruas e a percepção pública divergem da versão oficial, com agentes censitários denunciando as más condições de trabalho e a população expressando frustração com a falta de visitas. O Censo 2024, que mobilizou cerca de 30 mil milhões de kwanzas, ainda enfrenta desafios, e a conclusão do processo é aguardada com ceticismo por muitos cidadãos.
Com o término do censo marcado para daqui a duas semanas, as autoridades reafirmam o compromisso de realizar uma contagem precisa e completa da população, garantindo que as falhas serão corrigidas a tempo para um resultado final fidedigno.