A expectativa em torno da visita do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a Angola levanta questões complexas sobre os interesses diplomáticos e políticos em jogo. É improvável que se conheça o custo real dessa operação diplomática, pois a situação é multifacetada e carrega diversas nuances.
Primeiramente, é essencial distinguir entre os interesses do Presidente João Lourenço e os do país. A agenda de Lourenço, que enfrenta um dos momentos mais críticos de sua liderança, pode não se alinhar perfeitamente com os interesses angolanos. Recentes estudos independentes indicam que uma maioria significativa dos angolanos não apoia o Presidente, e sua posição dentro do MPLA é cada vez mais precária, marcada por desconfiança e disputas internas.
A relação de Lourenço com a oposição é tensa, e os conflitos dentro de seu partido refletem uma liderança que luta para manter a coesão em meio a uma atmosfera caótica. Os velhos militantes não o apoiam, e os jovens, por sua vez, se dividem entre a ambição e a incerteza, dificultando ainda mais sua posição.
Além disso, a corrupção endêmica, os problemas de governança e a falta de transparência em várias áreas complicam o cenário. Neste contexto, a visita de Biden poderia ser vista como uma oportunidade para Lourenço se reerguer, oferecendo um “anestésico” temporário para aliviar as tensões internas e externas.
No entanto, é crucial que essa visita não se transforme em uma mera operação de fachada para encobrir problemas mais profundos. A verdadeira questão reside em como o governo angolano utilizará esse momento para abordar os desafios que enfrenta, além de reafirmar sua liderança e compromisso com a Constituição e a governança democrática.
Em suma, enquanto a visita de Biden representa uma oportunidade significativa, ela também expõe as fragilidades do governo de João Lourenço e a necessidade urgente de uma reforma que vá além das aparências.