O MPLA anunciou que, até dezembro deste ano, investirá cerca de 792 milhões de kwanzas (aproximadamente USD 855.360,00) nas marchas nacionais em apoio ao líder João Manuel Gonçalves Lourenço. Esta iniciativa surge em um contexto de crescente pressão interna por um congresso democrático que permita múltiplas candidaturas.
Com 18 províncias, 164 municípios e 518 comunas, Angola possui 44 distritos urbanos. Para cada um desses distritos, o partido alocou 18 milhões de kwanzas para as marchas em exaltação à figura de João Lourenço, que se estenderão até dezembro de 2024. No entanto, a origem desses fundos gera questionamentos sobre a transparência do processo.
A decisão de organizar as marchas foi tomada após uma reunião do Conselho de Associados de Partidos (CAP) no dia 26 de agosto, onde Lourenço mobilizou suas bases contra figuras históricas do partido que, alinhadas com Dino Matross, defendem a democratização do MPLA. Essa ala propõe a realização de um congresso com múltiplas candidaturas.
João Lourenço, que se opõe à ideia de um congresso plural, tem planos de concorrer novamente à liderança do partido em 2026. Entretanto, os atuais estatutos do MPLA não permitem tal candidatura. Para contornar essa situação, ele planeja realizar um congresso extraordinário em dezembro, com a intenção de modificar os estatutos para limitar a participação de outros candidatos.
Em outubro, está agendada uma reunião do Comité Central do MPLA, onde será convocado o congresso partidário de dezembro. Até o momento, o MPLA já conta com três pré-candidatos: Fernando da Piedade Dias dos Santos, Higino Lopes Carneiro e António Venâncio. Além disso, espera-se o anúncio de uma pré-candidatura feminina e a participação de mais dois antigos membros do Bureau Político, que optam por permanecer discretos para evitar possíveis represálias.