Vários recenseadores em quase todo o país recusam-se a trabalhar até que o pagamento da merenda diária de 1.500 kwanzas, que deveria ser efetuado a cada 15 dias pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), seja depositado em suas contas bancárias. Desde o início do Censo Geral da População e Habitação, em 19 de setembro, muitos recenseadores não compareceram ao campo ou interromperam suas atividades devido à falta de pagamento.
Protestos foram registrados em diversas províncias, como Luanda, Huila, Benguela, Huambo, Cuanza-Sul e Bengo, onde a ausência de recenseadores tem atrasado o censo. Vídeos de manifestações em Benguela, onde recenseadores gritam “sem merenda não há censo”, circularam nas redes sociais. Em Luanda, a província mais populosa, o censo enfrentou grandes baixas no número de recenseadores, com o início das atividades sendo adiado em distritos como o Cazenga.
O INE reconheceu os atrasos nos pagamentos, atribuindo-os à necessidade de confirmação do IBAN dos recenseadores. No entanto, esta justificativa tem sido contestada nas redes sociais. Uma fonte do INE informou ao Valor Económico que a maioria dos distritos está em processo de pagamento, mas admitiu que há atrasos significativos, especialmente em Luanda.
A fonte negou a falta de verbas para os pagamentos, culpando os responsáveis provinciais pelos atrasos. Apesar das dificuldades, a fonte acredita que a qualidade das estatísticas será “100%”. Entretanto, a falta de material em algumas áreas e a dificuldade dos recenseadores em manusear os tablets, principais instrumentos de coleta de dados, continuam a ser desafios.
As autoridades esperam resolver os atrasos e retomar o censo em pleno, garantindo que os recenseadores recebam o pagamento devido e que as operações possam prosseguir sem mais interrupções.