Durante a adolescência, Jéssica Borges descobriu que havia nascido sem útero, ao investigar por que não menstruava. A jovem, diagnosticada com síndrome de Rokitansky, possui ovários funcionais, mas sem a capacidade reprodutiva completa. Quando Jéssica recebeu o diagnóstico, o Hospital das Clínicas de São Paulo já estudava transplantes uterinos com doadoras vivas, sendo pioneiro na América Latina em transplantes com doadoras falecidas.
Simone Borges, irmã de Jéssica, ofereceu-se imediatamente para doar o útero, apesar de ainda não ter filhos na época. “Pensei primeiro em realizar o sonho dela, ao invés de ser mãe”, contou Simone. Inicialmente, Jéssica rejeitou a oferta, mas a situação mudou depois que Simone teve dois filhos.
No dia 17 de agosto, as irmãs protagonizaram o primeiro transplante de útero entre doadoras vivas na América Latina, uma cirurgia que durou 10 horas. Um mês após o transplante, Jéssica menstruou pela primeira vez. “Fiquei insegura, porque para mim é tudo novo. Nunca menstruei. Fiquei muito insegura, mas feliz. É sinal de que está tudo bem, é sinal de que daqui a pouco vou poder colocar os meus embriões”, disse Jéssica, que tem 11 embriões congelados no Centro de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas. A implantação dos embriões está prevista para acontecer dentro de seis meses, trazendo Jéssica cada vez mais próxima do sonho de ser mãe.