
A crise económica em Angola continua a ter um impacto devastador sobre os grupos mais vulneráveis da sociedade, especialmente os jovens e as mulheres. Segundo dados recentes do Afrobarómetro, cerca de 66% dos jovens angolanos entre os 18 e os 25 anos admitem que pensam seriamente em deixar o país, desiludidos com a falta de oportunidades e perspectivas de futuro.
Na capital, Luanda, o cenário é particularmente alarmante. Com os níveis de desemprego juvenil em alta, salários baixos e um custo de vida cada vez mais insustentável, a população mais jovem vê-se encurralada entre a sobrevivência diária e o sonho de uma vida digna. As mulheres, muitas delas chefes de família, enfrentam ainda o peso adicional da informalidade laboral e da ausência de políticas de protecção social consistentes.
Um estudo recente desenvolvido pelo Centro de Investigação Social e Económica da Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto confirma o quadro preocupante: mais de 80% da população angolana vive sob um elevado nível de sofrimento económico. Este dado agrava a sensação de insegurança económica generalizada, afectando não apenas o bem-estar das famílias, mas também a coesão social.
A insatisfação crescente dos jovens angolanos coloca em risco a estabilidade do próprio tecido social. Especialistas alertam que o êxodo massivo desta geração não só empobrece o futuro do país, como mina a esperança de uma renovação política e económica interna. Sem alternativas, muitos jovens optam por caminhos arriscados, incluindo emigração ilegal, marginalidade ou desespero silencioso.
Apesar de representarem uma força significativa da economia informal e de assumirem múltiplos papéis na estrutura familiar e comunitária, as mulheres continuam a ser esquecidas nas estratégias de recuperação económica. A ausência de políticas de apoio directo, como crédito acessível, formação profissional ou protecção laboral, mantém milhares de angolanas num ciclo de pobreza persistente.
A gravidade destes indicadores reforça a urgência de reformas estruturais, capazes de incluir jovens e mulheres nos centros de decisão e no motor do desenvolvimento nacional. Sem essa inclusão, o país arrisca-se a perpetuar um ciclo de exclusão que compromete o seu próprio futuro.