
O Banco Mundial anunciou um financiamento de 250 milhões de dólares para um novo projeto destinado a melhorar as habilidades de jovens angolanos desempregados, intitulado “Projeto de emprego e geração de oportunidades para os jovens de Angola”. Com a meta de beneficiar 500 mil jovens entre 15 e 24 anos até julho de 2029, a iniciativa surge em um contexto alarmante, onde o desemprego nessa faixa etária já afeta 3,4 milhões de jovens.
Com a formalização do acordo prevista para março, o projeto será gerido pelo Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional (INEFOP) e contará com apoio técnico do Banco Mundial. O foco primordial será a formação e desenvolvimento profissional, visando aumentar a produtividade e facilitar a inserção no mercado de trabalho, seja por meio do empreendedorismo ou da aproximação a empresas privadas.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam um crescimento acentuado do desemprego entre jovens, saltando de 2,7 milhões em 2019 para 3,4 milhões no terceiro trimestre de 2024. Diante desse cenário, o projeto busca não apenas oferecer formação em áreas como empreendedorismo e tecnologias digitais, mas também fornecer apoio financeiro a grupos jovens organizados e cooperativas.
A iniciativa é dividida em três componentes principais. A primeira, que visa a melhoria da produtividade, alcançará 100 mil jovens com ações de formação práticas. A segunda, mais abrangente, terá como alvo 400 mil jovens até 2029, oferecendo certificação de competências, formação no local de trabalho e bolsas de apoio, principalmente para mulheres jovens e pessoas com deficiência.
A terceira componente foca no fortalecimento das funções do INEFOP, embora represente apenas 10 milhões de dólares do total de 250 milhões do financiamento. O economista Manuel Neto Costa, autor de “Angola 1975-2020: um percurso de empobrecimento e o eventual caminho para a prosperidade”, expressa preocupações sobre a necessidade de tornar as ações de formação uma oferta permanente, em vez de um projeto limitado no tempo.
O desafio que Angola enfrenta é claro: enquanto busca diversificar sua economia e atrair investimentos privados, é urgente capacitar os jovens para que possam integrar-se ao mercado de trabalho. A análise do Banco Mundial destaca a desconexão entre os currículos de formação e as demandas do mercado, com mais de 70% dos empregadores exigindo experiência prévia, o que acentua a lacuna de competências.
Com a necessidade de 1.700 milhões de dólares para incluir todos os 3,4 milhões de jovens desempregados, o financiamento atual representa um investimento de 500 dólares por beneficiário. O cenário é ainda mais complicado pela insuficiência de políticas públicas eficazes na formação profissional e pelas limitações orçamentárias enfrentadas pelo INEFOP, que deve receber apenas 25,6 bilhões de kwanzas em 2025, com uma parte significativa destinada a custos com pessoal.
Diante desse panorama, a implementação deste projeto será crucial não apenas para a geração de oportunidades, mas também para a construção de um futuro mais promissor para a juventude angolana.